sábado, 9 de janeiro de 2010

Sobrevivencia em tempo de crise

Resumo do livro " Survivre aux Crises" de Jacques Attali
Os 7 principios estrategicos.

1) Respeitar a si mesmo : ser o ator, nem otimista nem pessimista, do seu proprio futuro. Para tal, não contar com ninguem, a não ser consigo mesmo.

2) Intensidade : capacidade de se elevar para olhar a distância. Se projetar no tempo, visualizar um objetivo para daqui à vinte anos.

3) Empatia : saber se colocar no lugar dos outros, sejam adversarios ou aliados potenciais.

4) Resiliência : capacidade de resistir aos choques - mentalmente, moralmente, fisicamente, materialmente e financeiramente.

5) Criatividade : saber transformar a adversidade em oportunidade.

6) Ubiquidade : capacidade de representar varios papeis ao mesmo tempo.

7) Pensamento revolucionario : se nada disto funcionar, agir em legitima defesa. Contra o mundo, transgredindo as regras do jôgo sem perder a auto-estima.

Não adie seu encontro com a espiritualidade

Mario Sergio Cortella

 Na juventude, o filósofo Mario Sergio Cortella experimentou a vida monástica em um convento da Ordem Carmelitana Descalça. Durante três anos, aprendeu a viver em comunidade, a não ter propriedades, a guardar silêncio. Abandonou a perspectiva de ser monge – mas não a espiritualidade – para seguir a carreira acadêmica. Hoje, com 55 anos, é professor universitário de educação, conferencista em instituições públicas, empresas e ONGs, comentarista em vários órgãos da mídia e autor de 10 livros, que prefere chamar de “provocações filosóficas”
José Tadeu Arantes
Revista Claudia – 12/2009

Sempre é tempo de balanço, de rever trajetórias, de refazer escolhas. Fim de ano nos chama especialmente para isso. Em meio à correria das compras, dos encontros, dos comes e bebes, conseguimos um intervalo para a reflexão? Para nos perguntar: afinal, o que estamos fazendo nesta vida? O filósofo Mario Sergio Cortella tem levado esse tema a vários ambientes. Professor da Pontifícia Universidade Católica e da Fundação Getulio Vargas, ambas em São Paulo, e da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, ele foi discípulo do educador Paulo Freire e atuou como secretário municipal de Educação de São Paulo. "Minha pretensão não é dar respostas, mas elementos para as pessoas formularem melhor suas perguntas", disse no início da entrevista.

Em época de Natal, a sensação é de que há algo a mais na atmosfera. Para uns, é encantamento, elevação. Para outros, apenas nervosismo, que se traduz em febre de consumo, excessos alimentares e conflitos interpessoais. Existe lugar para a espiritualidade em meio a tanta agitação?
Em algumas situações, aquilo que chamamos de espírito de Natal" é algo cínico, que agrega os indivíduos em torno de festividades de conveniência. Mas há muitas pessoas que, independentemente de serem cristãs ou não, têm, nesta época do ano, uma verdadeira experiência do "comemorar". Gosto dessa palavra porque "comemorar" significa "lembrar junto". E do que nós lembramos? De que estamos vivos, partilhamos a vida, de que a vida não pode ser desertificada.

Há uma pulsão de vida.
Claro que, a todo instante, está colocada também a possibilidade de que a vida cesse. Somos o único animal que sabe que um dia vai morrer. Aquele gato, que dorme ali, vive cada dia como se fosse o único. Nós vivemos cada dia como se fosse o último. Isso significa que você e eu, como humanos, deveríamos ter a tentação de não desperdiçar a vida. Escrevi um livro chamado Qual É a Tua Obra?, que começa com uma frase de Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico no século 19. Ele disse: "A vida é muito curta para ser pequena".

Como não apequenar a vida?
Dando-lhe sentido. A espiritualidade ou religiosidade é uma das maneiras de fazê-lo. A religiosidade, não necessariamente a religião. Religiosidade que se manifesta como convivência, fraternidade, partilha, agradecimento, homenagem a uma vida que explode de beleza. Isso não significa viver sem dificuldades, problemas, atribulações. Mas, sim, que, apesar disso tudo, vale a pena viver. Meu livro Viver em Paz para Morrer em Paz parte de uma pergunta: "Se você não existisse, que falta faria?" Eu quero fazer falta. Não quero ser esquecido.

Fale mais da diferença entre religiosidade e religião.
Religiosidade é uma manifestação da sacralidade da existência, uma vibração da amorosidade da vida. E também o sentimento que temos da nossa conexão com esse mistério, com essa dádiva. Algumas pessoas canalizam a religiosidade para uma forma institucionalizada, com ritos, livros - a isso se chama "religião". Mas há muita gente com intensa religiosidade que não tem religião. Aliás, em minha trajetória, jamais conheci alguém que não tivesse alguma religiosidade. Digo mais: nunca houve registro na história humana da ausência de religiosidade. Todos os primeiros sinais de humanidade que encontramos estão ligados à religiosidade e à ideia de nossa vinculação com uma obra maior, da qual faríamos parte.

De onde vem essa ideia?
Existe uma grande questão que é trabalhada pela ciência, pela arte, pela filosofia e pela religião. A pergunta mais estridente: "Por que as coisas existem? Por que existimos? Qual é o sentido da existência?" Para essa pergunta, há quatro grandes caminhos de reposta: o da ciência, o da arte, o da filosofia e o da religião. De maneira geral, a ciência busca os comos". A arte, a filosofia e a religião buscam os "porquês", o sentido. A arte, a filosofia e a religião são uma recusa à ideia de que sejamos apenas o resultado da junção casual de átomos, de que sejamos apenas uma unidade de carbono e de que estejamos aqui só de passagem. Como milhões de pessoas no passado e no presente, acho que seria muito fútil se assim fosse. Eu me recuso a ser apenas algo que passa. Eu desejo que exista entre mim e o resto da vibração da vida uma conexão. Essa conexão é exatamente a construção do sentido: eu existo para fazer a existência vibrar. E ela vibra em mim, no outro, na natureza, na história.

Existe também a religiosidade que quer beber diretamente na fonte, que busca a relação sem mediações com o divino.
O divino, o sagrado, pode ganhar muitos nomes. Pode ser Deus no sentido judaico-cristão-islâmico da palavra; pode ser deuses; pode ser uma vibração, uma iluminação. Independentemente de como o denominamos, há algo que reconhecemos como transcendente, que ultrapassa a coisificação do mundo e a materialidade da vida, que faz com que haja importância em tudo o que existe. Desse ponto de vista, não basta que eu me conecte com os outros ou com a natureza. Preciso fazer uma incursão no interior de mim mesmo, em busca da vida que vibra em mim e da fonte dessa vida. É essa fonte que alguns chamam de Deus. A conexão com essa fonte é aquilo que os gregos chamavam de sympatheia, que significa simpatia. Trata-se de buscar uma relação simpática com o divino.

Como você busca essa relação?
De várias maneiras. Às vezes, na forma de um agradecimento. Às vezes, na forma de um pedido. Às vezes, por meio de uma oração consagrada pela tradição - porque, como dizia Mircea Eliade, o maior especialista em religião do século 20, "o rito reforça o mito". Às vezes, recorrendo a um gesto espontâneo. Outro dia, eu estava em uma cidade litorânea, onde iria palestrar. Em frente ao hotel, havia uma praia. Caminhando descalço sobre a areia, às 5 e meia da manhã, sentindo o sol que nascia, me veio um forte sentimento de gratidão e rezei, em silêncio, uma oração, das consagradas. Já ontem, eu estava reunido com a família em volta da mesa. Diante da cena dos meus filhos com as esposas, novamente senti gratidão. Ergui a taça de vinho e brindei em agradecimento por aquele momento. Nem sempre a minha relação é de gratidão. Às vezes, é de apelo. Na crença, verdadeira para mim, de que a fonte de vida pode reforçar a minha capacidade de viver, eu peço.

Existe, hoje, um maior impulso para a espiritualidade ou trata-se apenas de mais uma onda passageira?
Guimarães Rosa disse que "o sapo não pula por boniteza, pula por precisão". De acordo com o headhunter e professor de gestão de pessoas Luiz Carlos Cabrera, a grande virada no mundo empresarial brasileiro ocorreu, de fato, no dia 31 de outubro de 1996 às 8h15, quando um avião da TAM, com 96 pessoas a bordo, todos eles executivos, exceto a tripulação, caiu sobre a cidade de São Paulo. Perdi dois amigos de infância nesse acidente. Aquele foi um momento de inflexão no mundo corporativo. Eu compartilho dessa opinião. As pessoas começaram a pensar: eu podia estar naquele voo e o que eu fiz até agora? Toda a ânsia que caracteriza o mundo corporativo, focada no lucro, na competitividade, na carreira, começou a ser relativizada.

Mas existem também fatores de fundo, que afetam o mundo.
É claro. Um fator, talvez o principal, foi que o século 20, apostando na ciência e na tecnologia, nos prometeu a felicidade iluminada e ofereceu angústia. Em prol da propriedade, sacrificou-se a vida, a convivência, a consciência. O stress tornou-se generalizado, afetando adultos, jovens e até as crianças. Há uma grande diferença entre cansaço e stress. O cansaço resulta de um trabalho intenso, mas com sentido; o stress, de um trabalho cuja razão não se compreende. O cansaço vai embora com uma noite de sono; o stress fica.

Há uma forte cultura da pressa e da distração.
A tecnologia nos proporcionou a velocidade. Mas, em vez de usá-la apenas para fazer as coisas rapidamente, nós passamos a viver apressadamente. Assim como existe uma grande diferença entre cansaço e stress, existe também entre velocidade e pressa. Eu quero velocidade para ser atendido por um médico, mas não quero pressa durante a consulta. Quero velocidade para ser atendido no restaurante, mas não quero comer apressadamente. Quero velocidade para encontrar quem eu amo, mas não quero pressa na convivência. Tempo é uma questão de prioridades. Muita gente argumenta não ter tempo para a espiritualidade, para cuidar do corpo. E segue nesse ritmo apressado até sofrer um infarto. Se não for fatal, o infarto funciona como um sinal de alerta. O dia continua a ter 24 horas, mas quem sobrevive passa a acordar uma hora mais cedo para caminhar e se exercitar. O impulso espiritual também é um sinal de alerta. Não há pressa em segui-lo. Mas cuidado: é muito arriscado adiar indefinidamente para o ano que vem.
 

Religião as pessoas podem ter ou não. Já a religiosidade é um elemento estruturante da existência

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"É melhor ser desprezado por viver com simplicidade do que ser torturado por viver em permanente simulação." (Sêneca)

E complemento dizendo que pior ainda é não desejar ou não se permitir ver a Vida por outro ângulo e se torturar mantendo uma simulação de Ser realizado. Mais ou menos que nem a estória do cachorro que se deita sempre em cima de um mesmo prego, sem reclamar, pois a casinha é confortável e ao menos lá dentro não chove...
Isso é terrível... Coisas que tentamos salvar muitas vezes não merecem ser salvas.
Eu adoro citações, embora confesse que, Santo Google, algumas vezes não saiba muito sobre o autor em questão. Não é o caso dessa vez e tem se tornado cada vez mais raro não saber nada sobre determinado suposto autor. Foi assim que surgiram nomes que passaram a fazer parte da minha memória e em tempos de rapidez no acesso à informação só não aprende quem não tem banda larga... Além disso eu leio muitos livros, sobre tudo o que me interessa e também sobre algum assunto que não me interesse tanto. Penso que preciso saber sempre mais e incentivo as pessoas a fazerem o mesmo. Saber não ocupa espaço. É do meu perfil essa coisa do conhecimento.
E foi esse o foco da minha Vida em 2009 - estudar, ler e pesquisar, fazer cursos que me trouxessem uma nova visão de mundo. Buscar compreender o outro. Em especial no segundo semestre quando passei a ter mais tempo para mim, após me desligar de um emprego que vinha há algum tempo me consumindo a doçura e o prazer dos dias.
Nesse aspecto 2009 foi espetacular.
Penso que quando a gente se propõe a ampliar a nossa visão do mundo, buscando a compreensão de pontos de vista discordantes, começa a perceber que há muito mais do que se imagina e se questionar o quanto desnecessário pode ser argumentar as nossas supostas verdades. Ou rebater os argumentos dos outros... Que essas divergências podem ser complementares ao nosso modelo de Vida.
Se eu estiver sempre com as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas, por mais que goste delas, acabo fadado a estagnação. E essa palavra me dá calafrios. Quando a gente busca sair da zona de conforto é um bom sinal. E infelizmente conheço muita gente que cristalizou, faz as mesmas coisas há décadas e está cada dia mais infeliz, reféns que se tornaram de si mesmas. Mas que muitas vezes não admitem isso...
É do meu perfil gostar de conhecer pessoas novas. E é uma habilidade que tenho encontrar o tom certo ao tratá-las. Nem sempre acerto, é lógico, muitas vezes dou foras homéricos e erro feio. Tenho várias tribos, em algumas sou eu mesmo e nas outras também. Pois o "eu mesmo" tem muitas faces, todas reais.
Nem sempre encanto, às vezes espanto com a minha visceralidade, mas como disse um amigo uma vez: "Passar pelo Henrique e não ampliar a visão de mundo é impossível".
Ame-me ou deixe-me em paz, pois é também do meu perfil me enjoar de algumas pessoas. Perdeu minha admiração já elvis! E esse meu enjoar pode demorar quinze minutos ou vinte anos. Nada é para sempre. De tempos em tempos faço mesmo uma limpa, uma limpa no armário me livrando de roupas que usei no passado e que não me caem mais bem. Assim livro cabides para roupas novas e que reflitam o meu momento atul. Da mesma forma uma limpada na agenda de vez em quando vai bem.
E 2009 foi um ano de rever com quem eu quero estar. Deixei de ira a festas por não querer estar com aquelas pessoas, deixei de ligar para quem não me importa mais, deixei de lado aquele aborrecido tom do politicamente correto, liguei o foda-se e segui meu caminho, deixei para trás hábitos que não condizem mais com o cara que sou hoje.
Isso é evolução. Esse ano foi um ano de surpresas, algumas bem doloridas, mas foi um ano de reiterar o "eu sou".
E por conta dessas e de outras estarei entrando em 2010 melhor do que entrei em 2009. Que já foi melhor que 2008. Estou com a alma mais leve, com bem menos culpas e com poucos, bem poucos rancores. Embora aos olhos dos descartados eu seja o rancor em pessoa.
E essa limpeza mental me faz crer que serei amado por muita gente em 2010.
Escrito por Tiago