domingo, 23 de outubro de 2011

Entrevista Private Brokers,Coelho da Fonseca



CAFÉ DUPLO
ENTRE ESPRESSOS E MACHIATTOS, O PAISAGISTA BENEDITO ABBUD E O ARQUITETO LUIZ PEREIRA BARRETO CONVERSAM SOBRE PROJETOS DE VIDA, CIDADES IDEAIS E A PARCERIA NO MAIS
NOVO PROJETO IMOBILIÁRIO DE LUXO DE SÃO PAULO, O VILLA TRUMP

por HERMÉS GALVÃO
fotos RUI MENDES

Antes do encontro, uma série de desencontros. Reunir o arquiteto Luiz Pe­reira Barreto e o paisagista Benedito Abbud na mesma hora e no mesmo local era missão quase impossível para o mês de janeiro. O motivo era tão simples quanto complexo. É que ambos estavam mergulhados nas obras do condomínio residencial de luxo Villa Trump, que começa a mudar os ares de Ita­tiba, a uma hora de São Paulo.
Com a grife que identifica alguns dos mais sofisticados empreendimentos imobi­liários do mundo, todos com dedo e sobrenome do investidor norte-americano Donald Trump, o projeto traz Barreto como o responsável pela consultoria e pelo gerenciamento da construção do campo de golfe e do programa do club house. O convite não veio por acaso: golfista há 20 anos, o arquiteto tem dedicado metade de seu tempo a projetos exclusivos para o esporte. Nesses gramados, seu fairway curricular inclui, entre outros, o projeto do campo e do Clube de Golfe da Quinta da Baroneza, a nossa Bel Air. Em perímetro urbano, ocupando a ou­tra metade de seu tempo, há dez anos Barreto é um dos diretores do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
Abbud, por sua vez, assina o paisagismo daquele que promete ser o novo endereço fixo dos magnatas de São Paulo. Benê, como é carinhosamente conhecido, já fez mais de
3 mil jardins, no Brasil e em países como Angola, Argentina e Uruguai. Um currículo que vai de residências particulares a empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats com gramados tão verdes quanto os campos imaginados por Barreto. Numa manhã dosada por espressos duplos e ma­chiattos triplos, a dupla Trump conversou com a Private Brokers ao som de Frank Sinatra. Em volume ambiente no bate-papo que segue, “Lady is a Tramp”.

PRIVATE BROKERS - Pela localização, pelo estilo e pelo contexto, vocês acham que a Villa Trump faz parte de um processo em que mais e mais pessoas procuram ­morar fora da cidade em nome de uma qualidade de vida?
BENEDITO ABBUD Não vejo assim. Acho que a Villa Trump será uma segunda casa para as pessoas. Tem um conceito de resort, um lugar onde você tem toda a infraestrutura para não precisar fazer da sua casa um clube e nem se fechar dentro dela.
LUIZ PEREIRA BARRETO E teremos o melhor clube de golfe do Brasil. É a grande âncora deste empreendimento, o maior diferencial. Mas também acho que será um lugar de morar adequado às novas exigências da vida moderna. A tendência é ver cada vez mais pessoas vivendo nos arredores de São Paulo, gente que busca um lugar mais tranqüilo, mais gostoso, menos complicado e mais seguro.

Será mais um condomínio fechado e a céu aberto, em suma.
ABBUD Sim, mas aqui no Brasil, por um problema cultural, mesmo com um condomínio tendo todos os serviços comunitários, as pessoas preferem fazer a própria quadra de tênis em seus terrenos, o próprio spa, a própria piscina. Nos Estados Unidos, isso é bem diferente.

O brasileiro é mais exclusivista, então?
ABBUDAcho que as coisas estão começando a mudar. O que se verificou é que, hoje em dia, ter, por exemplo, uma casa de 2 mil metros quadrados para passar o fim de semana gera um problema muito grande de manutenção. Buscase, portanto, uma nova maneira para a pessoa que gosta de viajar, que gosta de uma vida mais ágil e que não gosta de ficar cuidando de um monte de coisas.
BARRETO Você acaba perdendo o fim de semana resolvendo problemas da casa, não aproveita nada e ainda volta mais estressado para a cidade. Não é só uma questão de dinheiro, é uma questão de qualidade. É muito chato ficar consertando coisas, resolvendo problemas.

A qualidade de vida do brasileiro mudou para melhor?
ABBUD Sinto que todos querem viver mais e melhor. Como se faz isso? Exercício, ca­minhadas, tendo uma vida menos estressante. Acho que realmente estão tendo uma nova visão de como viver, de como levar as coisas, fazer com que o lazer esteja impregnado dentro do trabalho. Hoje em dia, com laptop, você vai ao jardim, de bermuda, senta ao lado da piscina e se conecta ao mundo. O escritório agora é portátil.

Mas a tecnologia não brinca em serviço, não? Com perdão do clichê, ela não está a serviço do homem?
BARRETO Há alguns anos, quando não havia fax, nem celular, nem computador, nem nada, um cara entrava no seu escritório para pedir um projeto e você falava: “Daqui a 20 dias te mando o esboço”. E todo mundo esperava. Ou seja, a gente vivia em outro ritmo. Aí veio a tecnologia e pensamos que ia sobrar mais tempo. Mas aconteceu o contrário: o cara quer tudo em dois dias! E ninguém tem tempo para nada. Trabalho três vezes mais do que antes. Com toda a tecnologia, o cara acha você sempre no celular. Antigamente, o cara desenhava em uma prancheta de desenho, com nanquim, havia um ritmo diferente que estamos perdendo.
ABBUDTenho visto muitos clientes que buscam trabalhar de uma forma muito mais solta, integrada à natureza, participando menos de reuniões formais. Nesse caso, a tecnologia ajuda. Hoje, com a internet, você pode muito bem morar em Itatiba, ter um escritório e fazer videoconferência.

A tecnologia mudou o estilo de trabalhar ou o estilo de pensar de vocês?
BARRETO O que acontece é que a tecnologia pasteurizou tudo. Existe um programa para fazer um tal projeto que o outro também tem, por exemplo. Fica tudo meio parecido. E como se destacar, nesse caso? Pelo desenho. E isso não mudou. Não adianta fax, celular ou computador. São apenas instrumentos que possibilitam resultados mais rápidos e precisos. Mas a concepção continua sendo resultado do talento e esforço intelectual de cada um.
ABBUD No meu caso, esses novos meios de comunicação vieram facilitar um trabalho em nível nacional. Antigamente, antes do fax, eu tinha seis escritórios espalhados pelo Brasil. Agora, com apenas um escritório consigo trabalhar para o país inteiro de uma forma mais simples.

Nenhuma outra cidade do Brasil tem tantos arquitetos como São Paulo. O que vocês acham da nova arquitetura brasileira? O que vocês acham das obras que têm aparecido? Elas têm contribuído para a organização da cidade ou vocês também acham que São Paulo precisa de mais espaço verde que torres de blindex?
BARRETO São Paulo tem obras de ótima qualidade e escritórios de arquitetura de padrão internacional. A Vila Olímpia está repleta de prédios novos e modernos. O Instituto Britânico, em Pinheiros, também é um prédio fantástico. A sede do Citibank, na avenida Paulista, é um prédio lindo.

Alguma identidade brasileira nesses prédios?
ABBUD Acho que tem. Os brasileiros estão se preocupando muito com a questão da luz, da tecnologia que se adapte à realidade.
BARRETO É muito difícil ver algo que seja bem brasileiro. Hoje, há toda uma divulgação cultural e uma globalização muito fortes. Não acho que os arquitetos pensem em fazer uma arquitetura brasileira. O negócio é buscar a qualidade.

Vocês não acham que os arquitetos brasileiros estão mais preocupados em deixar um marco em São Paulo do que apresentar um projeto que alivie nosso skyline?
ABBUD Existe uma preocupação com a área externa. Dos prédios culturais aos edifícios de grandes escritórios, há uma busca não apenas pela opulência, que é importante, mas também pelo bem-estar de quem trabalha ali, com uma área verde onde todos possam passear, almoçar. A natureza, enfim, interagindo com a arquitetura. Já faz algum tempo que a nova arquitetura calcula seus projetos de modo que não sombreie os vizinhos, além de programar economia de energia, de água e tudo aquilo chamado ecologicamente correto.

Mas isso não acontece em São Paulo. A cidade não te permite andar nas ruas, passear e sentar num parque com o laptop no colo. Você pode até ter um laptop, mas cadê o parque?
ABBUD É verdade. Não se flana em São Paulo. Mas não só por uma questão de paisagem. É um problema de segurança.
BARRETO Existe um movimento chamado Novo Urbanismo, que defende a volta às raízes. É aquela velha história de a pessoa morar perto do trabalho, ir a pé até o supermercado, tomar um café. Eu próprio levo essa vida, moro e faço quase tudo a pé, nos Jardins. Mas São Paulo resiste em fazer isso. Vamos pegar um exemplo prático: no conjunto da Caixa Econômica Federal, localizado na avenida Paulista, tem um restaurante, o Spot, e uma praça enorme, uma área de respiro. A legislação, em vez de obrigar a fazer isso em outros lugares, deixa que a especulação imobiliária passe por cima. Outro exemplo é o Memorial [da América Latina, projeto de Oscar Niemeyer]. Aquilo não seria feito hoje porque a Barra Funda está na moda. O que precisa mudar não é o contexto, mas a legislação. As pessoas têm de começar a discutir.
ABBUD A vegetação tem um papel fundamental na cidade. Um de seus papéis é esse, de resolver a questão visual. São Paulo tem uma paisagem muito descontínua, prédios altos, baixos, prédios antigos, novos. É uma cidade que se reconstrói o tempo todo e que, por isso, teve sua topografia alterada. Acho que a vegetação poderia ser um elemento fundamental para uma harmonização.

Reflorestar a selva de pedra é a salvação da lavoura?
ABBUD Sim, com harmonia. A vegetação deixaria os prédios em segundo plano. Poderíamos reestruturar a paisagem de São Paulo com árvores que também teriam a função de melhorar a condição climática. Acho que falta boa vontade para isso. Porque é um projeto barato.

São Paulo também tem o hábito de transferir seus centros financeiros e abandonar os antigos. Foi o que aconteceu na avenida São João e que pode acontecer nas avenidas Paulista e Berrini.
BARRETO É, falta planejamento. Políticos fazem projetos para durar o tempo de seus governos. Cinco anos na vida da gente é muita coisa, mas na vida de uma cidade não é nada. Ninguém faz planos para 30 anos. O centro da cidade, em qualquer parte do mundo, é o lugar mais valorizado que existe. Aqui não, aqui os centros financeiros vão mudando. Vão para o centro, vão para a Paulista, para a Faria Lima...

Como tribos nômades da África.
BARRETO É. Foram para a avenida Berrini e deterioraram a Berrini. Agora vão para a Vila Olímpia e também querem voltar a restaurar o centro, que é uma maravilha. Mas por que deixar deteriorar? O problema é este: falta de planejamento.
ABBUD Existem medidas pontuais que acho interessantes. Em algumas cidades do Nordeste só se pode construir abaixo da maior palmeira do local. Isso é uma forma de preservar não só as palmeiras, mas também de manter uma linha de raciocínio. Quanto mais velhas, mais altas. E assim pode-se construir prédios maiores.

Voltando a São Paulo: o parque Trianon tem uma área verde raríssima em São Paulo e quase ninguém anda por lá.
BARRETO Parece que o parque tem vários tipos de uso nas várias horas do dia. O grande problema do Trianon é a falta de segurança. Precisaria ter uma polícia mais ostensiva porque o parque é muito fechado. Lá dentro tem obras de [Victor] Brecheret. É um lugar que poderia ser perfeito para almoçar e passear. Os hotéis da avenida Paulista estavam tentando revitalizar o parque, dar uma melhoria nas condições de uso, para tirar esse estigma de que o Trianon só tem prostituta.
ABBUD São poucas as cidades que têm um parque com aquela densidade. Realmente precisa ter melhores condições de uso.

Se fossem convidados pela prefeitura, quais planos vocês teriam para atrair de novo o público para as ruas?
ABBUD Um plano de arborização poderia deixar a cidade muito mais gostosa, com florações em determinadas épocas, plantas, árvores com folhas que caem no outono. Seria possível mudar a cara de São Paulo.
BARRETO Poderia ser tudo aberto se houvesse uma segurança mais efetiva. Os condomínios estão cada vez mais fechados e as ruas são terra de ninguém, uma área indesejável por falta de segurança. Essa questão virou um grande problema psicológico, um trauma. Cada vez mais os condomínios estão crescendo e, quanto mais crescem, mais muros são feitos. É um círculo vicioso.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Charles Chaplin

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro
Charles Chaplin